quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Atacama - Considerações e Dicas

+A +/- -A
O objetivo deste post é destacar alguns aspectos que considero importantes em uma viagem deste tipo, bem como dar algumas dicas que poderão auxiliá-lo, minimizando alguns dissabores ou contra tempos. Veja que as considerações se aplicam a América do Sul. Na Europa e USA a conversa já é outra, pelo menos em relação a alguns tópicos.


1) Em relação a uma viagem deste tipo, longa e por locais desconhecidos, é de suma importância que mais de uma pessoa tenha pleno conhecimento do trajeto, alternativas e que conheça o idioma do(s) países pelo qual irão passar. É muito importante que haja alternância de quem vai na ponta, até mesmo para que não haja sobrecarga e tensão demasiada em apenas um.

2) Eu diria que a viagem pode ser feita tranquilamente em dois, mas no meu ponto de vista, o número ideal de motos seria 3 ou 4.

3) Uma viagem destas com garupa, não é impossível, mas tudo fica mais difícil. Tivemos trajetos de grande extensão, sem nada, onde o banheiro teve que ser a beira da estrada.

4) Tenha pelo menos uma pequena quantia em moeda local, quando entrar em determinado país. Nunca fique sem moeda local. O dólar pode e deve ser usado para efetuar câmbio nas localidades maiores. Nós já levamos do Brasil pesos Argentinos, chilenos e dólares.

5) O cartão de crédito é uma segurança para emergências, mas na grande maioria dos locais (exceto grandes cidades) não é aceito. Para gasolina então, nem falar, sempre em "efectivo" (em dinheiro).

6) O cartão para saques também pode ser outra amardilha. Serve como segurança, mas não conte em encontrar caixas espalhados. Mesmo em cidades maiores, terás que procurar bastante para achar um para sacar. Já chega o stress de procurar posto de gasolina, imagina ainda ter que procurar "cajero".

7) ) GPS é chave. Um bom GPS com mapas atualizados dos países por onde vais passar. Eu  optei pelo Garmin, principalmente pelo motivo de conseguir mapas da América do Sul atualizados. Existem diversos projetos que disponibilizam mapas muito atualizados, como o projeto Trackesource no Brasil, o projeto Mapear para Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, o Peru Ruteable para o Peru, e outros tantos para a Bolivia, Venezuela, Equador e América Central.
Os mapas da Argentina e Chile me surpreenderam pelo alto grau de mapeamento e exatidão. Foram de suma importância na viagem.

8) Mapas em papel também devem ser considerados, para o caso de pane no GPS.

9)  Óleo do motor da moto: independente do que digam, leve sempre a quantidade de óleo que irá necessitar para todas as trocas, assim como filtro. Quase certo que você não irá achar óleo. Já é uma dificuldade achar um local para trocar, que fará achar óleo semi-sintético ou sintético nas especificações da sua moto. Em San Pedro de Atacama por exemplo, não existe nenhuma moto local, apenas as dos turistas. O único local para trocar óleo (Lubricentro) não tinha nem um funil que servisse na moto, tivemos que inventar com uma mangueira e uma garrafa pet.

10) Câmara de ar: leve reserva, o seguro morreu de velho. Você só vai encontrar para comprar nas cidades maiores, e com  certeza não vai ser lá que acontecerá a sua necessidade. No meu caso, me desaconselharam a levar, e por muito pouco (se o rasgo tivesse sido maior) teria que andar quase 300 km para comprar uma, correndo o risco de não achar. Nunca mais deixo de levar uma reserva.

11) ferramentas: normalmente as que vem na moto não são boas. Verifique todas as bitolas que eventualmente poderás ter necessidade e providencie. Leve boas ferramentas. Por exemplo: para troca de óleo uma boa chave 12 do tipo estrela, longa e forte.

12) Tenha pelo menos noções básicas de: como trocar o óleo; como desmontar a roda; como trocar a vela; e  por aí afora. No meu caso, o borracheiro não tinha a mínima idéia de como desmontar a roda dianteira.

13) Gasolina: além de encontrarmos grandes extensões sem postos de combustível, as vezes os postos não tem gasolina. Na Argentina, a gasolina comum (93 octanas) não existe em nenhum posto. A que utilizamos foi a Super (95 octanas) e que em mutias situações também estava em falta. Em Tilcara, no norte da Argentina, tivemos que ficar um dia a mais, esperando gasolina.
Leve galões para reserva. Dois de 5 litros ou um de 10 litros. O ideal são os galões homologados para transporte de combustível, pois na Argentina não é qualquer posto que  vende gasolina em galões comuns (nas grandes cidades principalmente, no interior não tivemos problemas). Um galão homologado do tipo dispenser de 10 litros está na faixa de R$ 120,00.
Nós utilizamos galões da Ipiranga de 5 litros, da linha Brutus.
No Chile utilizamos a gasolina de 93 octanas.
Com certeza na volta, vais ter que mandar regular a moto, pois depois de andar com "Champagne" voltar a colocar a nossa querosene, a injeção reclama. No meu caso, depois de chegar a fazer 34 km/litro (minha média é 25/28 km/Litro), voltei ao Brasil e fiz 20 km /litro com a nossa querosene braba.

14) Planejamento: por mais que digam que eu planejo demais, não abro mão disto. Você tem que saber com exatidão onde está, quais as alternativas de caminho (a cordilheira é comum fechar), alternativas de hoteis/hostel tanto na cidade em que pretendes chegar como nas próximas. Imagina que por algum motivo você chega em uma cidade desconhecida, a noite, sem nenhuma referencia de hotel. Tendo alternativas já programadas no GPS, ele te larga na porta.

15) Tem gente que diz que vai a andar "x" km e ai parar e procurar hotel. Isto não existe, só é bonito em filme. Você tem que ter planejado onde chegar a cada dia e quais alternativas. Tem que saber quanto pretende rodar no dia. Simplesmente rodar por exemplo 500 km e parar, pode significar você ter que andar mais 300 km para chegar em algum lugar. As vezes iremos rodar pouco em um dia, o que permitirá descansar, para fazer no outro dia um trejeto grande. As distâncias entre cidades não são padronizadas.
Não me convidem para uma viagem sem planejamento.

16) Comunicação: apesar do alto custo das ligações por celular, ele deve ser habilitado para pelo menos estar disponível em caso de emergência. O recebimento de SMS é gratuito, e o custo de envio de SMS é relativamente baixo comparado ao de ligações.
Outra ótima alternativa, e que usamos direto, foi o Skipe via internet. A internet está disponibilizada em quase 100% dos locais por onde passamos, e o uso de um note ou tablet, ou até mesmo o celular com Android, permite que você fale pelo Skipe de graça. Mediante uma pequena taxa, você poderá inclusive ligar para telefones fixos e celulares. Vale muito a pena.

17) Se for atravessar os Andes por Paso del Jama, muito cuidado com o vento após a entrada no Chile. Quanto mais a tarde pior ele fica. Na ida pegamos ventos de 130/140 km/hora, de lado. Muito perigoso, estressante e cansativo. Tinha inclusive uma Jamanta tombada pelo vento. Quanto mais cedo você passar, maiores serão as chances de pegar menos vento, mas tenha certeza de que ele sempre vai existir. Não passe nunca depois das 16:00 hs.
Na volta saímos de San Pedro de Atacama as 07:00 da manhã, e conseguimos passar com pouco vento.
Na ida, uma alternativa e pernoitar em Susques (na própria estrada, em torno de 3 km depois da entrada da cidade) a direita tem um complexo de Pousada, restaurante e posto de gasolina. Se pernoitar ali e sair cedo, conseguirá atravessar ainda pela manhã.

18) Em SP de Atacama, você consegue fazer uma boa refeição na faixa de 5000 a 7000 pesos chilenos. Basta optar pelo "Menu del dia", normalmente composto de uma entrada, prato principal e sobremesa.

19) Não esqueça que nos países de língua espanhola, a "siesta" faz parte da cultura. Assim sendo, você náo vai encontrar quase nada aberto entre 13/14 hs e as 17/18 hs.  Restaurantes fecham a cozinha as 14 horas e depois só após as 19 ou 20 horas.

20) Tenha sempre água com você, e umas barrinhas de cereais.






2 comentários:

  1. Ola Sergio Muinto Bom Teu Blog, estou planejando a Viagem de Carro para Machu Picchu em 21015
    Jorge Penno
    Santo Angelo Rs.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Jorge, Bom Dia. Obrigado pela visita e pelo comentário. Por onde pretendes ir ao Peru (rota)? Apesar de nesta viagem eu não consegui chegar até lá em função do acidente, pretendo ainda cumprir o objetivo e ir até Machu Picchu. Se eu puder auxiliar com alguma informação, fique a vontade. Grande abraço

      Excluir

Comentários ofensivos ou que a meu critério não sigam as regras deste blog, serão retirados. Obrigado